TOP 5 JOGOS DE TABULEIRO MODERNOS PARA VOCÊ INICIAR NO HOBBY
Por Murillo Lemos
Quando falamos em jogos de tabuleiro, a primeira coisa que vem à nossa mente é aquele tabuleiro enorme de War, aberto na mesa da sala de jantar com todos os primos reunidos durante horas, cada um tentando conquistar 24 territórios à sua escolha. Ou quem sabe um Jogo da Vida empoeirado naquela estante alta do quartinho de costura da casa da vovó, mas que nunca deixa de ser revisitado no Natal. Há também jogadores mais eruditos que logo pensarão em jogos clássicos tipo Xadrez, Damas, Go e Gamão como opções perfeitas para passar o tempo. Todos esses são ótimos exemplos de jogos de tabuleiro e fazem parte da nossa história há muitos e muitos anos (alguns há séculos!), mas o que muita gente não sabe é que, desde o final dos anos 90 e início dos anos 2000, a indústria de jogos de tabuleiro vem se atualizando e se reinventando cada vez mais! Atualmente, o resultado disso é uma gama enorme de jogos em diversas tabuleirias e lojas especializadas. Nelas podemos encontrar desde jogos festivos com partidas super rápidas até jogos épicos que demoram mais de 5 horas e que têm uma profundidade tática e estratégica de cair o queixo. Porém, entre esses dois extremos temos milhares de opções para darmos nossos primeiros passos num hobby que só vem crescendo cada vez mais e que tem de tudo para se consolidar como uma das principais atividades sociais da próxima década, uma vez que a palavra-chave da atualidade tem sido experiência. E é exatamente para isso que os jogos de tabuleiro são, foram e continuarão sendo desenvolvidos: para proporcionar uma experiência, tanto cognitiva, quanto social e emocional. Então se liga só nessas 5 opções de jogos, pensados justamente para você que quer se aventurar mais a fundo nesse universo maravilhoso dos jogos modernos de tabuleiro ou boardgames.
5. Colonizadores de Catan ou Catan – O Jogo
Criado em 1995 pelo alemão Klaus Teuber, Colonizadores de Catan (mais tarde rebatizado apenas de Catan) é com certeza um dos clássicos absolutos do universo dos boardgames. Nele, de 3 a 4 jogadores disputam a extração de recursos e a expansão de suas nações na ilha de Catan. A cada rodada, um jogador roda 2 dados e o número que cair é que vai dizer quais recursos serão gerados, sendo que cada jogador ganha os recursos de acordo com o posicionamento de suas construções nas áreas da ilha. Esses recursos (madeira, barro, lã, trigo e minério) que permitirão à cada nação ampliação e desenvolvimento até algum jogador atingir 10 pontos no começo de sua rodada, sendo então declarado o vencedor. Um dos fatores mais diferentes e divertidos de Catan é a possibilidade de comércio de recursos entre os jogadores, gerando dentro do jogo um verdadeiro mercado norteado pela oferta e procura dos bens.Um jogo não tão simples de se aprender para quem não está acostumado, mas essencial para aqueles que pretendem ingressar com tudo nesse mundo mágico de boardgames! Em Catan temos estratégia e sorte muito bem balanceados, gerando diversão certa na mesa.
4. Sagrada
Esse lindo jogo abstrato chegou ao Brasil em setembro de 2018, trazido pela editora Galápagos Jogos (uma gigante do ramo) e logo se tornou um queridinho dos jogos familiares, ocupando atualmente a posição 106 no ranking da Ludopedia (de acordo com as notas dos usuários). Em Sagrada, os jogadores competem para construir os vitrais de uma das catedrais mais famosas do mundo: a Sagrada Família, localizada em Barcelona e projetada pelo catalão Antoni Gaudí. Usando uma mecânica de alocação de dados, os jogadores se revezam em turnos para jogá-los e comprá-los. Cada dado tem uma cor diferente e diversas tonalidades que são indicadas pelas suas 6 faces. Essas características (cor e tonalidade) geram restrições para a colocação dos dados: nenhum deles pode estar ortogonalmente adjacente a outro da mesma cor nem da mesma tonalidade. Para amenizar essas punições, os jogadores têm ao seu dispor 3 ferramentas que podem ser utilizadas durante a partida, mas sempre com um custo específico para usar cada uma. Além disso, existem objetivos individuais e objetivos públicos que nortearão aquilo que deve ser feito no seu vitral. No final do jogo, quem melhor cumpriu os requisitos pedidos por esses objetivos e quem menos deixou espaço em branco no seu vitral é o vencedor. Sagrada é uma ótima pedida para quem quer se sentir desafiado nas primeiras jogatinas sem se perder em regras complexas.
3. Carcassone
Ah, a França! Berço das Luzes, da Modernidade, de grandes filósofos e famosa pela sua população, digamos, ativa. Centro cultural do Ocidente, a França não se faz presente apenas por esses fatores, mas também por ter sido um influente reino durante a Idade Média. A cidade de Carcassone é um exemplo disso: com sua cidadela medieval ela se tornou ponto turístico certo que chama atenção com suas muralhas e castelos. Nesse simpático jogo de mesmo nome da cidade francesa, os jogadores competem entre si montando os campos, mosteiros, fortalezas e estradas de Carcassone, tudo em um mesmo “tabuleiro” central. A ideia é muito simples, na sua vez o jogador compra uma peça de uma pilha (cujas faces são todas viradas para baixo) e encaixa nas peças que já estão no centro da mesa obedecendo as restrições como se fosse um dominó. Depois de encaixar a peça, o jogador pode escolher se vai posicionar, também, um meeple (aqueles bonequinhos de madeira bem fofinhos que estão presentes em vários jogos) para poder pontuar de acordo com as possibilidades da peça. Com boa interação entre os jogadores, simplicidade nas regras e a dose estratégica certa, Carcassone é uma excelente opção para quem quer começar a pensar um pouquinho mais quando for jogar um boardgame.
2. Ticket to Ride
Controlar territórios com muitas pecinhas coloridas, colecionar cartas na mão e ter objetivos de conquistas a serem cumpridos. Tá com a impressão de que já viu isso antes? Você não está errado, pois essas são as características principais do clássico War e que também existem em Ticket To Ride. Só que (felizmente para alguns, infelizmente para outros) as semelhanças acabam aqui. Ticket to Ride (TTR) é um jogo em que 2 a 5 jogadores disputarão as ferrovias de um Estados Unidos em franca expansão econômica. Com um tabuleiro lindo que simula o mapa ferroviário do país norte-americano, TTR enche os olhos pela beleza dos componentes, simplicidade das regras e elegância do tema. Durante a partida os jogadores podem executar apenas uma ação em cada rodada, ou você escolhe comprar cartas de trem ou você escolhe construir ferrovias utilizando seus vagões de plástico (cada jogador tem a sua cor de vagão específica, são suas peças pessoais). As cartas de trem é o que permite aos jogadores construírem ferrovias, sendo que elas têm a mesma cor dos trajetos a serem construídos. Lembra dos objetivos? Então, cada jogador pode começar com até 3 deles e no desenrolar do jogo comprar mais alguns caso ache que valha a pena. Objetivos são cartas que te darão pontos extras ao final do jogo caso você consiga cumprir o requisito pedido que é, basicamente, ligar uma cidade a outra. Quanto maior a distância entre as cidades, mais pontos você ganha se tiver cumprido aquele objetivo. Imagina conectar Los Angeles a Nova York! Serão muitos pontos de bonificação. Mas atenção, não se empolgue, pois objetivos não cumpridos servirão como punição no final do jogo: achou que ia conseguir ligar Vancouver a Seattle e ganhar 20 pontos extras, mas faltou vagão? Pois é, agora você perderá esses 20 pontos. Ou seja, gerenciamento de cartas e timing é tudo nesse jogo. Ticket to Ride é um jogaço que agrada tanto quem nunca viu um boardgame desses modernos antes como jogadores mais experientes. É aceitação quase que imediata na mesa!
1. Dixit
Dixit é com certeza o jogo moderno mais famoso entre os “não-gamers”. Famoso pela sua simplicidade e beleza das cartas, Dixit figura entre os jogos mais vendidos no mundo, com mais de 5 milhões de cópias adquiridas ao redor do planeta. Esse vencedor do Spiel des Jahres (uma espécie de Oscar dos jogos de tabuleiro) de 2010 é figurinha carimbada nas mesas de várias tabuleirias do país por se tratar de um excelente jogo de entrada. Em Dixit, ganha o jogador que fizer 30 pontos primeiro na trilha de pontuação. Mas como a pontuação acontece? Através de uma mecânica de votação que ocorre toda rodada durante a vez de cada jogador. Em cada rodada temos um “narrador”, que vai escolher uma dentre as 5 cartas que possui na mão (todos os jogadores começam com 5 cartas na mão) e então vai dar uma dica sobre aquela carta. Essa dica pode ser o que a pessoa quiser, uma palavra, um verso, uma história, uma música, um gesto, enfim, o que a pessoa quiser. O que mais vale em Dixit é a imaginação! Após a dica dada, o narrador vai colocar a carta em questão virada para baixo no centro da mesa e todos os outros jogadores escolherão de suas mãos também uma carta que tenha a ver com aquela dica, sendo que no final teremos o número de cartas igual ao número de jogadores, pois cada um coloca uma. As cartas são embaralhadas, reveladas e abertas para votação. O objetivo das pessoas é acertar a carta original do narrador e votar nela para alcançar a maior pontuação possível. Através dessas votações, rodada após rodada, os pontos são somados até alguém atingir 30 pontos primeiro. Dixit trabalha com a imaginação de uma maneira que poucos jogos conseguem!
Essa está longe de ser uma lista definitiva, afinal cada um tem seu gosto muito pessoal e opiniões das mais diversas cercam os boardgames, mas uma coisa é certeira: dentre os jogos citados nenhum deles conta com eliminação de jogadores e todos tentam, de uma maneira ou outra, dar a aos jogadores envolvidos as mesmas chances de vitória independentemente do placar e de quanto a partida já andou. Assim, percebemos que os jogos de tabuleiro modernos contam com uma característica fundamental que é a busca em mitigar o fator aleatoriedade muito elevado presente em jogos clássicos e trazer para os jogadores o controle das decisões e dos resultados.